Comentários que podam: como identificá-los e como lidar com eles

Você já parou para analisar alguns casais que, já com certa intimidade, parecem querer mudar o outro? O tempo passa e a impressão que eu tenho, é que um dos dois, pelo menos, não sossega enquanto não exerce influência sobre o outro, para que este – supostamente mais fraco -, haja de acordo com o que o "podador" determina. 

É claro que isso não é uma coisa escancarada: o ato de "podar" o parceiro ou a parceira é sutil e surge, principalmente, através de comentários críticos, camuflados de inocentes. Sou obrigada a relacionar este tipo de atitude com o machismo, isto porque, normalmente, é o cara que quer podar a mulher. 

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Vamos a uma situação hipotética: um cara e uma garota se conhecem. A menina sempre gostou de usar roupas curtas e batom escuro e o cara sempre foi um skatista, que usava bermuda aparecendo o rego e boné para trás. Ao longo do tempo, de repente, o cara começa a tecer alguns comentários do tipo: "você usa batom muito escuro", "essa saia não é muito curta?", "você se veste de maneira meio vulgar". 

Mas, quando ele a conheceu, isso tudo não era um problema, era? Afinal, se ele a achava vulgar, por que a pediu em namoro? Se não gostava do batom escuro, por que se apaixonou? Coisas contraditórias e atitudes controladoras que ficam disfarçadas através destes comentários cujo único objetivo é fazer a menina se sentir mal e começar a mudar o jeito com o qual se veste – neste exemplo. Aí, o que normalmente acontece? O tempo passa, o cara se sente desapaixonado – afinal, a garota mudou toda a forma com a qual se vestia e, de repente, que agia, quando ele a conheceu. Eles terminam e ele, provavelmente, vai encontrar outra pessoa com as mesmas características do começo do namoro com a ex, as quais ele criticou.

Ou seja: é um ciclo vicioso e sem sentido algum. Se você conheceu a pessoa de uma forma, não tente mudá-la. Isto também pode acontecer com o oposto – a garota tentando mudar o cara, por exemplo -, apesar de ser mais incomum. Se você tenta mudar uma pessoa com quem você está, por que, afinal, você está com ela?

Uma coisa é quando conhecemos a pessoa de um jeito e, de repente, ela muda – fazendo algo que não fazia antes, hipoteticamente. Aí faz sentido, afinal, você gostava dela do jeito X e ela mudou para Y sem mais, nem menos. Mas pedir para que ela mude, além de ser ilógico, é uma invasão. Não temos o direito de tentar exercer esse tipo de influência na vida de alguém, só porque estamos fazendo parte dela. Cada um tem sua personalidade e individualidade, e só a mudamos caso queiramos, pois somos donos do nosso próprio nariz (eu creio, ao menos, que deveríamos ser).

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Imagens: Tumblr – reprodução.

Amar ou estar com alguém é uma atitude que exige tolerância, também. Não se ama só a parte boa – assim seria fácil, né? Ama-se por inteiro, logo, a parte ruim também vem junto. Quando a gente conhece alguém, normalmente, a gente avalia esses dois pesos – qualidades e defeitos – e ponderamos se vale a pena "levar o pacote". Normalmente, nós sabemos o que é melhor para nós. Se você está ou pretende vir a estar com uma pessoa cujas atitudes, jeito de ser ou personalidade não te agradam, aqui vai meu parecer: ninguém é obrigado a ficar com ninguém. Você é livre para partir quando quiser. Vá embora ao invés de tentar mudar alguém, ou, melhor ainda: nem entre nessa. Dê liberdade para cada um ser o que quiser e tenha a sua liberdade de querer aceitar isso ou não. A escolha é totalmente sua.

Beijos,

Marcéli Paulino

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