De filha para pai: um desabafo de uma vida toda

Pai. Uma palavra tão pequena com um signficado tão grande. Eu sei que este é um espaço para que eu ensine alguma coisa aos meus leitores ou para que eu compartilhe algo que, de alguma forma, se torne uma lição de vida para quem se identifica. Mas hoje, em especial, eu escrevo ao meu pai. Publicamente e diretamente. Acredito que, de alguma forma, também ensinarei algo com isso [ou não].

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Imagem: Tumblr [reprodução].

Eu nem sei, pai, se você vai ler isso algum dia, porque sei que é muito ocupado para perder seu tempo com essas coisas "supérfulas", mas, a esperança é a última que morre. Eu só queria te dizer que, nestes meus anos de vida, eu senti falta de ter você. Eu, sinceramente, não sei até que ponto isso pode ser bom ou ruim, mas sei que é importante dizer isto hoje, mais do que nunca.

Não sou psicóloga, mas acho que estou perto de, finalmente, entender meu procedimento com relacionamentos anteriores e descobrir o por quê da maioria deles não ter dado certo – ou, melhor, o por quê de eu não ter escolhido certo. Carência de figura masculina é, com certeza, uma das razões. Eu sei que minha mãe sempre quis ser mãe, era o sonho dela – e isso, com certeza, contribuiu para ela ser, até hoje, maravilhosa para mim. Mas tenho curiosidade de te perguntar: você sempre quis ser pai? Fez parte dos seus planos ou dos seus sonhos?

Acho que sei a resposta, mesmo nunca tendo abordado esse assunto com você. Aliás, quantos assuntos nunca abordamos…. quanto faltou para nos conhecermos melhor. Eu sei de você, acredito que até mais do que você sabe de mim, porque tenho alguém do meu lado que te conheceu muito bem e pôde me contar algumas coisas. Outras coisas descobri assistindo a você de longe. Outras, ainda, descubro até hoje, sei lá. É estranho não te conhecer direito, nem por completo.

Às vezes eu sinto tanta revolta, que gostaria de sumir no planeta e fazer com que você nunca mais me visse. Talvez para você isso não fizesse assim tanta diferença, mas para mim faria. E não é pela parte financeira, não. É pela parte afetiva. Porque embora nosso relacionamento não seja exatamente como um relacionamento de pai e filha deveria ser (ao menos na minha concepção), o pouco que tenho/tive me deixa feliz. Eu sempre tive que dividir sua atenção com outras mil coisas, outros mil fatores, então acho que acabei me acostumando a não ter você por completo.

E acho que, às vezes, inconscientemente é o que busco nos caras que conheço e que acabam se tornando meus namorados. Eu busco, no fundo, certa ausência, porque essa postura ausente me faz lembrar você. E aí, fico querendo lutar para ter a presença de alguém que "não posso ter". Acho que no meu subconsciente, entendo como se estivesse lutando por você – e no fim das contas, estou lutando por um relacionamento amoroso que não vai me dar futuro nenhum. O que você acha sobre isso? Acho que nunca saberei.

O fato é, pai, que eu realmente gostaria que você me conhecesse melhor. Eu gostaria que você tivesse me visto crescer mais de perto, embora longe, você me entende. Eu gostaria que você soubesse do meu caráter, de quem eu sou como ser humano no dia a dia. Que você me entendesse mais complexamente, porque ninguém consegue se entender muito bem à distância. Bom, acompanhar minha adolescência, a essa altura do campeonato, não adianta – porque já tenho 26 anos. Mas quem sabe ainda há tempo de você querer me  conhecer melhor agora. Ou talvez não dê mais…

Eu nunca vou deixar de te amar, porque afinal você é meu sangue. Eu não sei se consigo superar uma grande mágoa que existe em mim, e que é impossível de ignorar, mas, eu posso esquecê-la por alguns momentos, para ter você um pouco mais perto e por mais vezes. Se eu puder. Quem sabe.

Te amo.

Com carinho e muita sinceridade,

Marcéli Paulino.

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