O dilema do ciúme e reflexões sobre como lidar com ele

"De todas as enfermidades que acometem o espírito, o ciúme é aquela a qual tudo serve de alimento e nada serve de remédio" (Montaigne). Já li tantos textos, livros e reflexões sobre relacionamentos que englobavam o subtema "ciúme" que eu poderia dizer que sabia tudo sobre o assunto, até ler esta frase. No momento em que a li, foi como se o universo caísse por inteiro sobre minha cabeça e gritasse: "acorda"!.

Afinal, por que é mesmo que o ser humano alimenta esse sentimento, ou, melhor dizendo, esta "doença"? Por que não demonstrar insegurança é considerado sinônimo de desinteresse ou falta de amor? A gente nasce vivenciando tantos estereótipos encarados como verdadeiras teologias que, quando paramos para analisar por quê encaramos as coisas assim, ficamos sem resposta.

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"O ciumento passa a vida tentando descobrir o segredo que irá destruir a sua felicidade". Outra frase ótima que merece total reflexão, que extraí do blog da Isabela Freitas, e que ela, por sua vez, leu por aí. É verdade que o ser humano, por si só, se alimenta da insegurança do outro – e não venha com hipocrisia me dizer o contrário. Todo mundo, em algum momento de sua vida, gostou de saber que abalou a autoestima do outro, seja no meio afetivo, profissional ou social.

E, goste você ou não, ciúmes está sim diretamente ligado à autoestima. A insegurança e a dúvida sobre o que somos para o outro é que nos faz alimentar essa sensação de impotência, pois, como disse a própria Isabela, "ciúme nada mais é do que duvidar da sua capacidade de fazer o outro feliz". Pensando da forma mais lógica e decente possível (aqui estou desconsiderando ações de mau caráteres e canalhas de plantão), se estamos felizes ao lado de alguém, por que raios vamos procurar algo externo? Eu, inclusive, vou além: se AMAMOS de verdade alguém, mesmo em um momento conturbado de infelicidade, o que nos impede de tentar arrumar o que temos em mãos ao invés de procurar algo que está lá fora? Se o velho clichê "o amor supera tudo" é assim tão verdadeiro, deveríamos colocá-lo mais em prática.

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A sensação de que tudo é muito supérfulo e passageiro é que gera essa insegurança doentia que, automaticamente, leva ao ciúme. É como costumam dizer: "hoje em dia tudo se troca, nada se aproveita". E quem é que garante a você que "trocar" de parceiro vai melhorar o problema que você tem com o seu atual? Devemos bem saber que, em se tratando de ser humano, o problema nunca acaba, apenas arruma-se outro no lugar do que já se tinha. É o que diz minha experiência de vida.

E, ao mesmo tempo, a gente pensa: o que vai impedir o outro de fazer m&rd@? Eu respondo: nada. Não é nossa insegurança, não são nossas dúvidas, nem nosso medo que vai fazer a diferença na atitude do outro. A gente deposita sonhos e confianças nos "estranhos do mundo" porque queremos, mas, na verdade, a gente esquece que a primeira pessoa em quem devemos depositar tudo isso é em nós mesmos. O outro é secundário, se der certo, deu, se não der… vamos tentar fazer o nosso melhor e deixar que a conta venha para quem fez errado. Sentir ou não ciúmes não mudará absolutamente nada na vida do outro, apenas na sua. Você é que sofrerá sozinho com o que sente.

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E para quem ainda pensa que esta insegurança irracional está diretamente ligada ao amor, aprendam de uma vez: não está. O ciumento é automaticamente um egoísta patológico, porque quer aprisionar, reprimir. Quem ama de verdade quer mais é dar liberdade ao outro, pois é proporcionando liberdade que sabemos até que ponto temos o amor da outra pessoa; se ela voltar, ou mesmo se ela não quiser ir, mesmo podendo, é porque realmente te ama.

Não quero me apegar a estereótipos de comportamento, até porque, cada casal sabe o que tolera e até que ponto são impostos seus limites. Mas eu, particularmente, cheguei à conclusão de que não são limites impostos que irão definir até que ponto você tem o amor, o respeito e a honestidade de uma pessoa e, sim, sua própria atitude, provinda de sua índole e de seu caráter. A forma como ela vai agir naturalmente é que vai dizer o que ela sente por você, independente de regras estipuladas. Cabe a você decidir como vai reagir a isso e até que ponto vale a pena continuar.
 

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Imagens: reprodução.

É um assunto complexo demais para ser defnido somente por frases prontas e sucintas reflexões, mas aqui está meu singelo e humilde parecer, que também pode ser encarado como um desabafo. A moral da história, pra mim, é: entre sofrer por antecipação e viver da melhor maneira possível consigo mesmo (e  com o outro), escolha sempre a segunda opção. O que vier depois você decide como vai encarar.

por Marcéli Paulino

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