Um resumo da minha vida em Londres: perrengues, independência e saudade

Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, me perguntariam sobre esse assunto – ou sobre algo relacionado a ele. E, por mais que eu não goste de falar abertamente sobre isso, meu trabalho exige – vocês também, risos – e a vida também pede. Resumindo: tem horas que não dá para não falar em saudade e em sentimentos. E tem horas que não dá para não surtar. Somos humanos, né?

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Às vezes, eu me sinto uma pessoa contraditória: em alguns momentos sou tão fechada, que simplesmente não falo dos meus sentimentos de jeito nenhum para as pessoas. Prefiro falar da coisa mais imbecil do mundo, mas dos sentimentos, não. E tem horas que me sinto a própria trouxona, manteiga derretida, me expondo. 

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Bom… para quem me perguntou sobre o assunto, em relação ao fato de estar aqui (para aqueles que querem viajar e passar por experiências iguais ou semelhantes à minha), o que eu posso dizer logo de cara é que: não é fácil. Este é um clichê que provavelmente você já ouviu mas que, sem dúvida, é verdadeiro.

Então, ao tomar uma decisão de viajar para fora do país, para longe de casa, seja para ficar 1 mês, seja para ficar 12 meses, tenha em mente que você se garante sozinho, isolado, lonely total. Principalmente no meu caso, que não estou em casa de família, estou por minha conta em um alojamento com mais, pelo menos, 200 estudantes, cada um por si e Deus por todos, é bem difícil encarar a situação.

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Não posso dizer com muita propriedade sobre ficar em casa de família, já que nunca tive esta experiência, mas, pelo que pude assistir às amigas e conhecidos passar por isso, é um pouco mais acolhedor, pois os seus "pais postiços", querendo ou não, fazem algumas coisas por você.

Aqui, não. No alojamento, eles dão a chave do seu quarto na sua mão e se vira, minha filha. Vá comprar sua comida, vá fazer sua comida, vá, inclusive, comprar pratos e panelas (ou pedir emprestado) para poder comer decentemente e fazer sua comida  de forma digna. Ou coma coisa pronta, se não quiser cozinhar, e arrisque seu colesterol, seu peso e sua pressão – meu caso.

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Eu tive que descobrir como me locomover por minha conta: eu, a mais perdida, distraída, anta do universo, baixei app's como Tube Map, Citymapper e fui dar a cara a tapa. Perguntei para alguns colegas de flat – alguns tiveram boa vontade em me dar explicações, outros foram curtos e grossos e quase me mandaram à merda por perguntar -, me perdi (quem acompanha os posts do meu diário de viagem sabe como foi me ferrar pelo metrô), enfim. Este é um resumo do lado ruim.

E tem também a saudade. De casa, do seu país (apesar de eu saber que odeio calor e que o calor no Brasil está chegando), das pessoas que você ama, das festas e dos eventos dos quais você sabe que não vai participar… Se você pensar, tem muita coisa negativa que assusta e que te faz falar "nossa, o que eu vim fazer aqui?". Mas, obviamente, tem muita coisa boa. E, por enquanto, acho que a maior delas, para resumir, é o crescimento pessoal.

Sempre fui muito mimada, principalmente, pela minha mãe, e estando sozinha, isolada, "perdida", eu sei que não terei a mamãe ali para me socorrer. Assusta, sim, mas de certa forma me faz crescer e enfrentar as coisas por mim mesma. Me faz deixar de ser covarde, embora às vezes eu fraqueje, me faz pensar que, se eu não fizer, ninguém fará por mim. Entre outras coisas.

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Imagens; Tumblr [reprodução].

E para curar a tal saudade? Eu sugiro que você ocupe seu tempo. A saudade não vai diminuir, não tem jeito, mas ocupando a cabeça e procurando fazer coisas diferentes, você esquece, momentaneamente, a dor deste sentimento chato. Vai ter horas em que você vai chorar, vai querer se fechar num canto e ficar ali, mas não fraqueje. Respire fundo, se chacoalhe, lave o rosto, reze, faça qualquer negócio, mas lute contra.

Quem realmente te ama e retribui este sentimento, vai estar lá quando você voltar. Outro clichê totalmente verdadeiro, pode apostar.

por Marcéli Paulino

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