Londres, dia 53: turismo versus moradia

Vamos deixar uma coisa bem clara aqui, antes de mais nada: viajar para turismo e viajar para morar são coisas bem diferentes. Esta explicação eu dedico àqueles que vêm me criticando por ter reclamações de Londres, achando que porque estou na Europa, estou vivendo um conto de fadas e sou ingrata por isso.

Eu sinto extrema chateação por aqueles que vivem apedrejando o Brasil, achando que o fato de mudar para qualquer lugar do hemisfério norte resolveria seus problemas. Não vai resolver, amigo. O máximo que pode acontecer é você trocar seus problemas atuais por outros novos. Aí vai do que você julga melhor.

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Então, vamos constatar o óbvio: quando você faz turismo, você vai para um lugar para curtir, para aproveitar, para deixar os problemas de lado e somente isso. Quando, por outro lado, você mora no lugar – tipo eu aqui -, você vivencia uma rotina, você tem responsabilidades, ou seja, você precisa lidar com a parte chata da coisa. Então é claro que você vai ter reclamações para fazer, em algum momento.

A coisa é ainda mais complicada, ao menos, sob meu ponto de vista, quando você se vê sozinha para lidar com os pepinos que aparecem. Coisas simples, que podem te causar um grande incômodo, como o ralo do banheiro entupido, a correspondência que não chegou na data prevista, a comida que acabou as 11 horas da noite sem você se dar conta, e você não pode sair na chuva e no frio, a pé, para comprar mais, porque está doente e não consegue sair da cama. Ou você simplesmente não consegue sair da cama porque não tem o mínimo pique de cozinhar e, aí, acaba comendo qualquer porcaria pronta ou nem come.

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Quando você sái com a cabeça do tamanho do planeta Terra da aula, porque teve um dia cheio e se estressou com mil coisas, chega em casa e não tem ninguém para abraçar ou para te fazer companhia, vendo uma televisão ou um filme. E o único "bicho de estimação" com o qual você pode brincar é seu urso panda de pelúcia, porque os seus estão longe.

Ou quando você briga com alguém que gosta e que está longe e sabe que ainda não vai poder ir correndo de encontro com a pessoa, abraçá-la muito forte, pedir desculpa e falar que a ama, porque a distância ainda não permite.

Quando bate aquela insegurança sobre o dia da sua volta e a única distração que você tem para tirar essa insegurança da sua cabeça é enfiar a cara nos trabalhos do curso, já que você está cheia deles e não tem tempo de sair para se divertir um pouco enquanto não chegam as férias. Enfim… acho que já deu para me entender, né!? Quem não entendeu, meus pêsames, você é portador(a) de um coração de pedra e eu sinto muito por você e pela sua frieza. Ou talvez até te admire, pois você provavelmente não sofre, embora não ame.

E a moral da história de hoje é essa. Portanto, queridos e queridas, não me julguem tão duramente por eu reclamar daqui em alguns pontos; parem de fantasiar que existe um mundo dos Ursinhos Carinhosos fora do Brasil, porque não é bem assim. É óbvio que têm coisas boas, mas existem problemas, perrengues e dias ruins também, como em todo lugar do mundo. Vamos sair da bolha.

Um beijo,

Marcéli Paulino.

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